Fiel questiona as TJs: leite tem a mesma substância do sangue

A religião Testemunhas de Jeová proíbe a transfusão por entender que se trata de um veto bíblico -- “abster-se de sangue”, em Atos 15:28-29. Mas por que ela permite que seus devotos bebam leite, que possui em abundância uma das substâncias primárias também do sangue, os glóbulos brancos?

O questionamento é de um fiel da própria denominação que escreve o blog Zion’s Watch Tower (Torre de Vigília de Sião). Ele se mantém anônimo porque, se assim não fosse, seria expulso das TJs, religião que não permite “insubordinação” de fiéis.
“Se uma Testemunha de Jeová não pode aceitar glóbulos brancos (também chamados de leucócitos), como é que lhe pode ser permitido consumir leite? Sim, pois tanto o leite materno quanto o leite industrializado possuem uma enorme abundância de glóbulos brancos em sua composição”, escreveu.

“Os glóbulos brancos desempenham um papel fundamental para proteger o bebê de infecções que outrora poderia obter. Será que Jeová Deus projetou o leite materno desta forma para violar a sua própria lei de respeito pelo sangue? É evidente que não. Por isso não faz sentido a Torre de Vigia [entidade responsável pelas atividades da denominação] proibir as Testemunhas de Jeová de aceitarem os glóbulos brancos e também os outros componentes primários do sangue.”

Criado em família de Testemunhas de Jeová, o blogueiro informou que por volta de 2007 resolveu checar algumas informações sobre a religião que tinha lido na internet. “Para minha surpresa, muitas dessas afirmações eram de fato verídicas e comprovavam que realmente havia alguma coisa errada com a religião que imaginava ser a verdadeira.”

Uma dessas informações se refere à proibição às transfusões de sangue. “Uma proibição insustentável.”

O que levou o blogueiro a comentar a questão dos leucócitos foi a notícia de que recentemente um hospital de Goiás teve de recorrer à Justiça para poder salvar com transfusão o bebê de um casal de TJs. “Se decidir entre sua própria vida e a lealdade a uma organização já é difícil, imagine como foi difícil para o casal impedir transfusão de sangue para o próprio bebê.”

Ele informou que, dentro da organização, existe uma corrente que defende o fim da proibição à transfusão, mas a religião não recua porque, se o fizesse, correria o risco de ser alvo de processos com indenizações provavelmente milionárias.

Por conta disso o veto é mantido ao custo da morte de fiéis e de bebês que, por motivos óbvios, não têm religião.

Com informação do blog Zion’s Watch Tower.paulopes