Professores estão acusando a nova direção do colégio particular La Salle Pão dos Pobres, em Porto Alegre (RS), de impor proselitismo religioso em matérias como história e da prática de perseguição religiosa.
A professora Gabriela Bercht, de filosofia, afirmou que o irmão Jardelino Menegat, presidente da mantenedora do colégio, falou em um discurso que “quem não é cristão não serve para a nossa instituição”.
Bercht pediu demissão do colégio depois que o professor Giovanni Biazzetto (foto), de história, foi demitido por, segundo ele, se negar a fazer proselitismo religioso em suas aulas.
Biazzeto, que era professor no La Salle havia quase cinco anos, disse que a perseguição começou em janeiro, quando o irmão Olir Facchinello assumiu a direção do colégio.
Ele afirmou que, para um professor que não tem crença católica, é coerção ter de escutar o diretor dizer: “Todos vocês têm de falar sobre os dons do Espírito Santo em sala de aula”.
O professor argumentou que, até então, não tinha sofrido nenhuma pressão de cunho religioso da direção do colégio. “Minhas aulas sempre foram estruturadas no debate, na leitura e na escrita.”
A direção do colégio se negou a comentar as acusações de que pratica esse tipo de intolerância. Apenas emitiu nota com a afirmação vaga de que Biazzeto foi demitido por “uma questão ténico-pedagógica”.
Alunos e pais protestaram contra a demissão de Biazetto.
Uma mãe disse ao portal G1 que o novo diretor do colégio ameaçou cancelar as bolsas de estudos (integrais e parciais) de alunos que aderiram ao protesto.
O colégio, por ser confessional, pode ter, como tem, um posicionamento religioso, mas não de modo que possa impor aos alunos uma crença em matérias obrigatórias, como filosofia, história e matemática.
Além disso, de acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional), do Ministério da Educação, os estabelecimentos de educação têm de respeitar a diversidade de crença dos estudantes, o que inclui os ateus.
Roseli Fischmann, coordenadora do programa de pós-graduação em educação da Universidade de São Paulo, disse que mesmo as escolas confessionais são obrigadas a ensinar, por exemplo, o evolucionismo de Darwin e outros temas obrigatórios.
“Os professores não podem ser obrigados a ensinar algo que não está correto do ponto de vista pedagógico e da legislação ou que vá ferir a consciência deles enquanto profissionais". disse.
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