por Inês Teotónio Pereira, do site português Informação
As crianças nascem crentes e crescem religiosas. Acreditam em tudo: em fantasmas, no Pai Natal, no lobo mau e na fada azul. Não peneiram crenças: acumulam-nas. São multicrentes. Não têm qualquer preconceito, e quanto mais esotérico, estranho e inverosímil melhor, mais credível. Mais sobrenatural e fascinante. E se houver ritos então é uma maravilha: podem brincar.
As crianças ainda não dividiram o mundo entre o que é normal e o que não é. Para elas é tudo normal e possível: estar em todo lado, ler as mentes, ser invisível, voar, ter asas. A lógica é castradora para os seus cérebros em evolução acelerada.
Por isso qualquer criança tem fé. Tem fé em Deus ou no Pai Natal, mas tem fé. Deve ser por isso que Nossa Senhora apareceu a três crianças; se tivesse aparecido a três adultos eles teriam fugido esbaforidos de braços no ar rumo à esquadra mais próxima e teriam sido entrevistados pelo jornal "Incrível" da época.
As crianças não duvidam, questionam. Fazem perguntas para esclarecer a fé, não por duvidarem dela. Querem pormenores: como é que não caímos do céu, como é que Jesus cabe em tantos corações, como é que o Pai Natal entra nas casas que não têm lareira, por que é que a fada dos dentes faz coleção de dentes?
Só quando deixam de ser crianças entram no campo da incredulidade e já não querem saber. Mas durante a infância são as ovelhas mais fiéis que uma religião pode ter. É que além do mais são absolutamente maniqueístas.
Nas suas cabecinhas existe o bem e o mal e os maus estão de um lado e os bons do outro; não se misturam,
paulopes
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